13/06/2013

Santos Populares

Depois do meu amigo Jorge muito me ter chateado para postar os textos dele, aqui vai o primeiro. Espero que gostem da sua prosa fácil e cativante...





"Acho que nunca vi tanta gente na minha vida, e nem na televisão eu tinha visto.

Esta semana fui a Lisboa passar os santos populares. Fui daqui com o meu primo Hélio e com o meu amigo Marco Íris, que se não o trouxéssemos tinha ficado sozinho em casa a arrumar lenha na garagem e a limpar o jardim. Tínhamos combinado com uns amigos de Lisboa, mas eles não apareceram, e os telemóveis estavam desligados, se calhar estavam doentes.

Chegámos a Lisboa e fomos jantar mas estava tudo cheio e as pessoas riam-se quando nós dizíamos que não tínhamos mesa marcada. Mas houve um restaurante que foi porreiro e deu-nos papo secos e manteigas e cerveja e só tivemos de pagar 18 euros mais bebidas.

Eu depois não sei dizer onde é que andei porque só via gente e era tudo muito parecido. Depois a certa altura o meu primo parou para comprar umas ganzas, e quando olhámos para trás o Marco Íris já não estava atrás de nós. Ainda lhe ligámos mas as redes estavam todas ocupadas e quando ele conseguia falar não se ouvia nada por causa de umas gajas que me andavam a tentar beijar, umas delas até eram das marchas e só não facturei porque estavam mascaradas de Marquês de Pombal e metia-me um bocado de impressão, porque era como se fosse um homem. Uma delas até me tem andado a mandar mensagens e toques.

Mesmo sem o Marco Íris foi do caraças, bebi muita cerveja e tirei fotografias com malta amiga que depois um dia eu meto aqui, quando descarregar a máquina.

Isto lá para as sete da manhã, ali numa rolote de cachorros que acho que era em Alfama, tirei uma fotografia com umas miúdas e estávamos a ampliar a fotografia para ver se elas eram bonitas, e no fundo aparecia o Marco Íris a conversar com um mexicano que era um artista musical e dj do melhor do mundo. Fomos ter com ele e disse-nos que tinha tido a melhor noite da vida dele e que queria vir trabalhar para Lisboa e que já tinha conhecido pessoas que lhe davam emprego, casa, comida e dinheiro para os transportes.

Cheguei a casa e ainda não sei nada dele. Não veio connosco porque disse que tinha tido uma mudança de horizontes na vida. Mas eu acho que era só do vinho.

PS: Obrigadinho Susana por teres dito que arranjavas casa para nós os três e depois não teres dito mais nada. Assim se vêem os amigos, mas pronto. Vais longe na vida deixa estar".
 
 
DP

Sim, fomos apanhados pelo "hype". Não, não estamos preocupados com isso.



JP

10/06/2013

Aussie Export

A Austrália tem dado ao mundo autênticas preciosidades culturais. Nunca é de mais recordar o saudoso Heath Ledger, a Miranda Kerr, ou mesmo o programa MasterChef Austrália (de longe o melhor da série MasterChef). Do país do Crocodile Dundee também nos tem chegado boa música. Desde Nick Cave, passando pelos AC/DC, sem esquecer os extintos INXS. Recentemente, os Tame Impala têm ganho merecido destaque. A banda, formada em 2007, lançou no ano passado "Lonerism", o seu segundo álbum. Este autêntico festim de rock psicadélico cruza o melhor da música dos anos '70 amaciada com doses generosas de sonoridade pop. É um álbum estranho, até mesmo barroco. Ouvi-lo, de uma assentada só, é empreender uma viagem... intergaláctica, pois claro.

Fica aqui uma amostra:


JP

08/06/2013

Nofiodanavalha.com

O novo livro de Thomas Pynchon chega às livraria norte-americanas em Setembro. Entre nós, a encomenda terá que ser feita via Amazon ou sítios equivalentes. Pynchon regressa à costa Leste depois da excursão psicadélica por L.A. ("Vício Intrínseco"). Leva-nos precisamente a Manhattan, aquando do colapso do mercado "dot.com" e dos atentados terroristas de 11 de Setembro. Os fãs podem esperar por personagens memoráveis, humor negro em doses generosas e um enredo com tantas camadas quanto uma cebola. No final restam sempre mais perguntas que certezas. Não será este o traço distintivo das grandes obras literárias?

JP

07/06/2013

A Tempo e Horas

Foram 6 longos anos de espera pelo novo álbum dos Queens of the Stone Age. Desde 2007 que assistimos a um mundo em constante mudança, por vezes a uma velocidade estonteante. Sentimos a vertigem, nunca tão perto. Também na vida de Joshua Homme muita coisa mudou. Uma operação ao joelho quase "deu para o torto" em 2010. Homme esteve face a face com a morte e foi-lhe concedido mais tempo. "...Like Clockwork", título apropriado para um disco tão aguardado e que chega no momento certo. Nele temos uma reflexão sobre a mortalidade, a amizade, a fé... Sobre tudo o que importa na vida e que só começamos a valorizar quando nos encontramos em situações-limite, cujo exemplo paradigmático é a morte. Ouvimos, num trago, as 10 faixas que o compõem . Tivemos que o ouvir uma segunda vez. O veredicto é simples: estamos perante um álbum coeso, onde não há música para "encher chouriços", nem para se perder na espuma dos dias. Não faltam os riffs, nem a percussão certeira de 3 grandes bateristas (Castillo, Grohl e, mais recentemente, Jon Theodore). As letras têm uma profundidade nunca antes conseguida pela banda, a produção é irrepreensível . A participação de grandes nomes da música (Alex Turner, Elton John) pouco acrescenta a "...Like Clockwork", pois a música do quinteto fala por si. Ainda assim, é bom saber que o ex-baixista, ex-"loose cannon" da banda, Nick Oliveri (gravou algumas backing vocals), está em bons termos com Homme. Vamos ao ponto de afirmar que as faixas "I Sat by the Ocean", "If I Had a Tail" e "I Appear Missing" figuram entre as melhores que os QOTSA já criaram. Em suma, "...Like Clockwork" marca o regresso de uma grande banda e presenteia-nos com uma brilhante síntese de rock meets sexy and smart

Deixamos aqui uma amostra daquilo que uns quantos sortudos, a 20 de Julho (no SBSR), poderão apreciar ao vivo:


JP

06/06/2013

Parquelife





Chegar a casa numa sexta-feira depois de toda uma semana a trabalhar, preparar as coisas e arrancar para a cidade Invicta assistir à segunda edição do grande arraial da música rock, era mesmo disto do que estava a precisar. As expectativas para o concerto dos Blur e vêr Damon Albarn criador dos Gorillaz dos The God the Bad & the Queen e do projecto Dr Dee ao vivo, estavam algo elevadas. Mas o dia não era só de Blur, chegado ao parque da cidade  naquela tarde soalheira e sentado sobre a relva do anfiteatro natural do palco Optimus, ouvir boa música (Memória de Peixe) e ver muitas miúdas giras, que excelente fim de tarde e terapia contra a letargia dos tempos que vivemos. Estava curioso em relação aos Local Natives que estiveram bem e deram um bom concerto enquanto o sol desaparecia, e os Grizely Bears que estiveram irrepreensíveis, grande banda.

A hora B estava a chegar, e ao primeiro dia do mês de Junho pelas 1:30h entraram em palco, começaram com Boys and Girls, a casa quase que vinha abaixo foi hora e meia de concerto que passaram em 5 minutos, e no final aquele sorriso de orelha a orelha dizia tudo, era um daqueles momentos, um daqueles postais que se pudesse perpetuava para sempre, como li aqui e não escreveria melhor.. 

"Os melhores postais são aqueles que podemos guardar, na normalidade dum sorriso ou no silêncio dum abraço, junto às pessoas de que mais gostamos; pequenos e simples momentos quase indescritíveis mas que vivem duma forma muito própria e violenta, e ao mesmo tempo muito interior, sobre todas as outras coisas, com um valor que nem as palavras se podem atrever a tentar falar. E isso é tudo o que precisamos de saber, e de dizer, sobre os mesmos, com o calor que temos aqui dentro."


DP