30/11/2010

Sr. José, o melhor tasco do mundo.

Uma das series televisivas que mais gostei de ver foi Cheers que passava na Sic Comédia. Neste bar juntavam-se diariamente um grupo de amigos que falavam das mais variadas coisas, de desporto, politica, música, cinema, sempre num ambiente relaxado, amistoso e com bom humor á mistura.

Nós também temos um Cheers em que nos costumamos juntar, e como o nosso blogue está a fazer este mês um ano de bons posts, não poderia deixar passar em claro o lugar a quem se deve a existência deste espaço.

O café Vilalva mais conhecido como o café do Sr. José, conseguiu ao longo de dois anos juntar-nos quase diariamente. É o único tasco em Santo Tirso em que se pode pedir 1 € de whisky com a mesma facilidade e naturalidade com que se pede uma chávena de chã de cidreira.

Foi neste café onde surgiu a ideia de iniciarmos o blogue, de criar a Associação PISTA (Plataforma Intervenção Tirsense Activa) que já tem sede e já está a trabalhar a 100%, o concerto que vamos realizar no próximo ano com as melhores bandas de roque português, que de mero sonho hoje é já uma realidade, e a mítica viagem que vamos fazer, também no próximo ano num Volvo de 1959 que irá ligar Santo Tirso a Trieste (Santo Tirso; Madrid; Barcelona; Cannes; Génova; Veneza; Trieste).

Se não fosse este lugar e a simpatia e simplicidade deste antigo contrabandista de tabaco da raia do Sabugal nada disto teria surgido, por todas estas razões um muito obrigado Sr. José.

David P

28/11/2010

Die Traumdeutung

Quem me conhece sabe que eu tenho um interesse especial pelo sono e pelo sonho. Em primeiro lugar, gosto de dormir. Muito. Em segundo lugar, sempre tive uma enorme curiosidade pelo mecanismo do sonho. Para um psicanalista, os sonhos e os pesadelos são projecções dos nossos desejos, medos e obsessões, que estão recalcados no inconsciente e que, durante o sono, ascendem ao nível do subconsciente. Devo admitir que concordo em parte com a teoria psicanalítica, pois só assim se explica o facto de eu frequentemente sonhar com um concerto em Santo Tirso que reúna as minhas bandas lusas favoritas: ver aqui e aqui. Explica também que, em noites mais atribuladas, eu tenha um pesadelo recorrente, que vai mais ou menos assim: encontro-me amarrado a uma cadeira, com as pálpebras repuxadas por fita-cola, enquanto são transmitidos numa televisão os directos da "Casa dos Segredos".

Ainda sobre sonhos é o mais recente filme de Christopher Nolan, "A Origem". Este realizador, que já nos habituou a excelentes filmes (ressalto o magnífico "Memento" e "O Terceiro Passo"), regressa com uma película que poderia muito bem ser apelidada de Wachowskiana. A trama é um pouco complexa: num futuro próximo será possível partilhar sonhos e até mesmo construir mundos à nossa medida enquanto dormimos. O grande problema é que esta tecnologia torna os seres humanos vulneráveis a ladrões de pensamentos, ideias, receitas de bacalhau e outros segredos. Estes ladrões, dos quais Leonardo DiCaprio é o catedrático, ganham o seu dinheiro fazendo espionagem industrial até que lhes é proposto que consigam inseminar uma ideia na mente de um herdeiro bilionário. Quanto à moral do filme, resume-se a adverter o espectador para o perigo de preferir os sonhos à realidade. Contudo, algumas excepções impõem-se, pois eu prefiro qualquer sonho a reality shows - e aqui entra, uma vez mais, a "Casa dos Segredos". Mais entretenimento que propriamente cinema "que dá que pensar", o filme vale pelos seus efeitos especiais e por Ellen Page, essa sim, uma actriz de sonho.



Boa noite a todos,

JP

Geração do corneto

Meus amigos como eu tenho saudades do corneto de limão!!

21/11/2010

Il Gattopardo


O Livro


G. Tomasi di Lampedusa apenas escreveu um romance em toda a sua vida. Esse romance relata-nos o período conturbado do Ressurgimento italiano (a unificação da Itália), centrando-se numa família da aristocracia siciliana que vê o seu estatuto ameaçado pela revolução de Garibaldi ."Il Gattopardo" que dá nome ao livro é o cognome de Don Fabrizio, Príncipe de Salina, o patriarca da ilustre família. Este velho "sangue azul" é uma das melhores personagens da história da literatura. Capaz tanto de demonstrar a maior das sensibilidades, como de ser tão obstinado como um verdadeiro siciliano, o Leopardo não deixa ninguém indiferente. De gostos simultaneamente intelectuais - a astronomia; e rústicos - a caça; Don Fabrizzio é um homem ecléctico. Intenso, tanto nas suas suas virtudes como nos seus defeitos e deliciosamente anacrónico - como um daguerrótipo ou uma relíquia poeirenta que ainda conserva o brilho da sua glória passada. Para além da intensidade do seu carácter, a firmeza da sua identidade também mexe com o leitor. Face às transformações da sociedade, o Príncipe mantém-se fiel ao legado da sua família, chegando a recusar um lugar de destaque no Governo da nova Itália para não trair a sua anterior afiliação com a casa de Bourbon e com o Reino das Duas Sicílias. Neste livro singular, Lampedusa aborda temas como fim do antigo sistema de classes, a democracia , a tradição e erosão moral. Ao longo do texto somos ainda confrontados com o choque entre a nobreza em decadência e a burguesia em ascensão, entre a nostalgia de Don Fabrizzio e o fulgor do seu sobrinho revolucionário, Don Tancredi. Para além destes, Lampedusa criou um rol de personagens inesquecíveis, das quais destaco Angélica: uma deusa de olhos verdes que suscita a mais arrebatadora das paixões no coração de Tancredi e no de seu tio, Don Fabrizio.

Lampedusa apenas escreveu um romance em toda a sua vida. Foi o suficiente.

O Filme

Em 1963, Luchino Visconti apresentou ao mundo a sua adaptação ao cinema de "Il Gattopardo". O carismático Don Fabrizio foi interpretado por um não menos carismático Burt Lancastar. O filme teve ainda a participação de Alain Delon, no papel de Don Tancredi, e da belíssima Claudia Cardinale no papel de Angelica. O filme faz justiça ao livro. Para a história fica a cena do baile, um expoente hipnótico de elegância.

Visconti realizou vinte filmes em toda a sua vida. Foram os suficientes.




JP

16/11/2010

Música para o frio.

Com a chegada do inverno não precisamos só de cachecóis e casacos para nos proteger do frio. Esta é daquelas músicas que nos aquece por dentro e nos faz sentir bem depois de um dia inteiro a trabalhar.




David

13/11/2010

Postal Abrupto, nº 2

Sôbolos rios que vão
por Babilónia, me achei,
Onde sentado chorei
as lembranças de Sião
e quanto nela passei.
Ali, o rio corrente
de meus olhos foi manado,
e, tudo bem comparado,
Babilónia ao mal presente,
Sião ao tempo passado.

"Redondilhas de Babel e Sião" por Luís Vaz de Camões

07/11/2010

A Drave

Perdida num vale esquecido, numa serra pouco conhecida, num antigo império. Foi exílio de indigentes, abrigo de contrabandistas e refúgio de pastores. A Drave, freguesia remota e abandonada do concelho de Arouca, tem uma beleza desoladora. Não tem estradas asfaltadas, nem luz eléctrica, nem aquecimento central, mas nela há um fogo que não se apaga. Os portadores da chama vêm aos fins-de-semana; e há algo deles que fica lá para sempre.



Foto da Daniela


JP

Postal Abrupto, nº 1

Clay lies still, but blood's a rover;
Breath's a ware that will not keep.
Up, lad; when the journey's over
There'll be time enough for sleep

"Reveille" por A.E. Housman

02/11/2010

Nostalgia Precoce

Ontem à noite, enquanto via o "Scott Pilgrim contra o Mundo", tive um acesso de nostalgia. Estranhamente, senti que os últimos 5 anos passaram num bater de coração. Imagens difusas, como o baile de finalistas, o primeiro dia na universidade, as noites da Queima das Fitas... Tudo isto se iluminou na minha memória. Gostaria de reviver alguns destes momentos, mas sei que já não teriam o mesmo gosto. Ficaram as fotos, as músicas, as palavras escritas e ditas, os suspeitos do costume que me acompanharam durante este caminho. Apuro os sentidos, levanto a cabeça: o presente e o futuro são um desafio.


JP

Lisbon-Porto-Noite

The Walkmen. eles vem cá, que é como quem diz, vem cá a Portugal, vão lá a Lisboa. Pena. Deviam vir ao norte, porque a música deles deve ser brindada com Super Bock e vinho do Porto. A voz é cantada triste como o tempo que cá - no Norte- se faz sentir. As noites parecem mais escuras e o frio veio para ficar. Ontem, em conversa com os suspeitos do costume, falava do livro do Murakani que li (AfterDark). Dizia eu, que era um livro sobre a noite e sobre a solidão.
Um bom Novembro a todos.


JoãoG