31/10/2010

30/10/2010

Le Gordon Gekko (1987)

Ingredientes:

2/5 de Inteligência;
3/5 de Ganância;
200 Gramas de Vaidade;
300 Gramas de Ambição;
Arrogância q.b.

Modo de Preparação:

Retirar todo e qualquer vestígio de escrúpulos. Misturar bem os ingredientes e servir num fato Hugo Boss. Acompanhar com um bom champanhe e um charuto cubano.

Voilá
, está pronto:


JP

26/10/2010

Guerra Sem Fim


Dexter Filkins pertence àquela categoria de homens com "tomates", da qual o fotógrafo João Silva também faz parte. Perdoem-me o calão, mas à falta de melhores palavras escrevo a mais sincera. Ao ler o seu "Guerra Sem Fim" senti-me pequenino. Pequenino por dar comigo a pensar que não aguentaria testemunhar a morte, o absurdo da guerra, o horror. Pequenino por dar comigo a pensar que dificilmente trocaria o conforto do meu lar por uma casa de lama no Afeganistão, ou por um prédio devoluto no Iraque para relatar duas longas guerras. Questionei-me sobre as motivações por detrás da perigosa profissão que Filkins escolheu e cheguei a uma conclusão. Para este jornalista, a verdade, a liberdade e a dignidade do ser Humano suplantam a comodidade, dão-nos força na adversidade e sentido à vida. Para além da prosa certeira e da seriedade dos factos, o que é extraordinário neste livro são as pessoas nele descritas. No meio do turbilhão de violência conhecemos vidas de enorme coragem e determinação face às inúmeras adversidades. A vida destes Afegãos e destes Iraquianos, e a sua sede por liberdade foram para mim uma inspiração. A Filkins agradeço ter relatado a verdade.

Não sei quanto tempo mais vai durar a Guerra. O meu único desejo é que a Paz venha em nossos dias.

JP

25/10/2010

João Silva

Dos quatro, (Bang Bang Club) foi João Silva, educado em Portugal e imigrado na África do Sul, quem escolheu a profissão com a maior clareza: queria cobrir guerras. Ponto.
JoãoG

17/10/2010

Porque nem só de Voz, Guitarra, Baixo e Bateria vive um Homem, nº 2

Porque nem só de Voz, Guitarra, Baixo e Bateria vive um Homem, nº 1

Viajar com Werner Herzog


Se ler um livro é a forma mais barata de viajar, ver um documentário de Werner Herzog só pode ser a segunda forma mais barata de viajar. Através da câmara de Herzog já admirei as neves "eternas" da Antárctica a partir do cume do Monte Erebus, observei os ursos Grizzly do parque nacional de Katmai no Alasca e planei sobre a floresta virgem da Guiana. Com engenho e inovação, este realizador alemão consegue captar a essência de locais inóspitos tal como Woody Allen consegue retratar o frenesim de Nova Iorque. Os seus filmes não seguem convenções, os protagonistas são na sua maioria anti-heróis, a loucura do Homem e a sua relação conflituosa com a Natureza são temas recorrentes. Numa das mais famosas parcerias do cinema, a dupla Herzog-Klaus Kinsky, revelou-nos personagens sinistras mas irresistíveis, como Don Lope de Aguirre e Cobra Verde. Por todas estas razões, a obra de Werner Herzog é um cruzamento bem sucedido entre o Discovery Channel e a literatura de viagem de Bruce Chatwin. Hoje mesmo vou ver Bad Lieutenant: Port of Call - New Orleans, ou, melhor ainda, vou comprar um bilhete rumo a Nova Orleães na ressaca do furacão Katrina.

JP

15/10/2010

"Não estamos cansados"

Manifestações nas ruas de Paris, contra questões como a reforma das pensões e o aumento da idade de aposentação.
Fotografia:Eric Gaillard


JoãoG

12/10/2010

Rally to Restore Sanity

Deixo aqui o manifesto do "Rally to Restore Sanity" organizado pelo grande John Stuart.

“I’m mad as hell, and I’m not going to take it anymore!”

Who among us has not wanted to open their window and shout that at the top of their lungs?

Seriously, who?

Because we’re looking for those people. We’re looking for the people who think shouting is annoying, counterproductive, and terrible for your throat; who feel that the loudest voices shouldn’t be the only ones that get heard; and who believe that the only time it’s appropriate to draw a Hitler mustache on someone is when that person is actually Hitler. Or Charlie Chaplin in certain roles.

Are you one of those people? Excellent. Then we’d like you to join us in Washington, DC on October 30 — a date of no significance whatsoever — at the Daily Show’s “Rally to Restore Sanity.”

Ours is a rally for the people who’ve been too busy to go to rallies, who actually have lives and families and jobs (or are looking for jobs) — not so much the Silent Majority as the Busy Majority. If we had to sum up the political view of our participants in a single sentence… we couldn’t. That’s sort of the point.

Think of our event as Woodstock, but with the nudity and drugs replaced by respectful disagreement; the Million Man March, only a lot smaller, and a bit less of a sausage fest; or the Gathering of the Juggalos, but instead of throwing our feces at Tila Tequila, we’ll be actively *not* throwing our feces at Tila Tequila. Join us in the shadow of the Washington Monument. And bring your indoor voice. Or don’t. If you’d rather stay home, go to work, or drive your kids to soccer practice… Actually, please come anyway. Ask the sitter if she can stay a few extra hours, just this once. We’ll make it worth your while.



David

"Don't Think Twice, It's All Right" by Bob Dylan


JoãoG

03/10/2010

Tempo Livre, nº 3

Tempo Livre, nº 2

Tempo Livre, nº 1


JP

Ontem à Noite


Fui ver os U2 a Coimbra com mais dois Coronas. Consegui o bilhete poucos dias antes do concerto e confesso que não estive a suster a respiração até à grande data. Contudo, no momento em que a banda entrou em palco ao som de "Space Oddity" do David Bowie senti uma estranha convulsão interior. De repente, lembrei-me do tempo em que descobri o gosto pela música rebuscando os velhos discos dos meus pais, entre os quais se encontravam o "Joshua Tree" e o "Achtung Baby". Do tempo em que ouvia roque pelo roque, sem análises fenomenológicas (tens razão MLP). Ao mesmo tempo senti-me envergonhado, pois nos últimos anos remeti estes rapazes de Dublin para o baú das velharias musicais, enquanto me foquei em ouvir bandas do indie roque e a experimentar outras sonoridades (algumas delas muito boas, entenda-se). A vergonha levou-me à indignação. Alguns críticos musicais são hipócritas, condenando toda e qualquer banda que atinja um estatuto planetário como os U2. Aparentemente não suportam que um grupo de 4 amigos consiga, ao final de 30 anos de carreira, pôr 42 mil pessoas a cantar em plenos pulmões músicas de sempre. Polémicas à parte, o concerto de ontem foi para mim o melhor do ano. Os U2 mais uma vez não desiludiram os seus fãs, revisitando canções como "I Will Follow" "Where the Streets Have No Name" e "One". Alguns temas mais recentes como "Magnificent" e "Get on Your Boots" fizeram igualmente furor, provando que a banda ainda tem algo para dar no plano criativo. A juntar-se à qualidade da música, do espectáculo visual, das mensagens de cariz humanitário e da comunhão entre a banda e o público, fomos ainda presenteados com um Bono em grande forma. O homem pode ter um grande ego, mas garanto-vos que esse ego é proporcional ao seu talento, ao seu profissionalismo, à sua vocação. Bono entrou a entoar "Briosa!" cumprimentou o público com um "Olá! Tudo bem?" e pediu ao pessoal de Braga, Lisboa, Porto e Coimbra que manifestassem a sua presença. Durante o concerto não parou de interagir com os presentes, correndo, dando socos no ar e balançando-se no cabo de um microfone suspenso. Todos estes pormenores fazem a diferença, levando-nos a concluir que os U2 interessam-se pelos seus fãs, pelo país em que estão a actuar e esforçam-se por oferecer um espectáculo memorável. Esta foi então a melhor retribuição para todos aqueles que pagaram bom dinheiro pelo bilhete ou que estiveram 48h numa fila à porta da Fnac, há um ano, para garantirem a sua presença. Veredicto final: o público rendeu-se à banda e a banda rendeu-se ao público, prova disto está na despedida, ao som de "Moment of Surrender".

JP