Se ler um livro é a forma mais barata de viajar, ver um documentário de Werner Herzog só pode ser a segunda forma mais barata de viajar. Através da câmara de Herzog já admirei as neves "eternas" da Antárctica a partir do cume do Monte Erebus, observei os ursos Grizzly do parque nacional de Katmai no Alasca e planei sobre a floresta virgem da Guiana. Com engenho e inovação, este realizador alemão consegue captar a essência de locais inóspitos tal como Woody Allen consegue retratar o frenesim de Nova Iorque. Os seus filmes não seguem convenções, os protagonistas são na sua maioria anti-heróis, a loucura do Homem e a sua relação conflituosa com a Natureza são temas recorrentes. Numa das mais famosas parcerias do cinema, a dupla Herzog-Klaus Kinsky, revelou-nos personagens sinistras mas irresistíveis, como Don Lope de Aguirre e Cobra Verde. Por todas estas razões, a obra de Werner Herzog é um cruzamento bem sucedido entre o Discovery Channel e a literatura de viagem de Bruce Chatwin. Hoje mesmo vou ver Bad Lieutenant: Port of Call - New Orleans, ou, melhor ainda, vou comprar um bilhete rumo a Nova Orleães na ressaca do furacão Katrina.
JP
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