23h
- "Tá frio!" replica o JG;
- "Ya" respondem os restantes Coronas em uníssono.
- "Lá dentro o ambiente vai aquecer num instante...isto é, com 2 ou 3 shots" assevera o DP.
A fila é longa e convida às ultrapassagens, num comportamento bem português de chico-espertismo.
Os Coronas decidem respeitar a "marcha dos vivos" até à entrada do Queimódromo - esse circo de prazeres carnais e delícias alcoólicas.
23h30 - 24h
Entrar no recinto é um ritual de passagem, em particular para os caloiros. Esse sentimento é fácil de perceber. Para a mente juvenil, a Queima é o mais parecido com Sodoma e Gomorra
que alguma vez irão experimentar - uma Ibiza low cost. Não estão em casa dos pais ,mas sim no meio de adultos, a fazer coisas de adultos. Bem, esse pensamento acaba por se esfumar rapidamente pois os adultos "Não fazem estas cenas maradas"...
O ambiente é frenético, ácido e por vezes encolerizado. O melhor que há a fazer é estar junto dos amigos e beber um pouco (q.b.) para calar no cérebro a vozinha que, sabiamente, nos indica a decadência do ambiente envolvente.
"Olha, ali tá a nossa barraca! Vamos lá que a 1ª rodada pago eu!"
24h - 01h
Os shots são como diria o pai de um amigo meu "autênticos tiros". Bang! o primeiro já foi - "Dá-me mais um". As rodadas seguem-se, e a boa disposição vai dando lugar à euforia. De todas as Queimas que participei tenho histórias para contar. A maioria delas incide sobre os estados embriagados e o seu efeito no comportamento humano. A certa altura da noite tu és amigo de todos (bem, quase todos) e todos são teus amigos. As distâncias encurtam-se até ao ponto em que sentimos o odor acre do bafo etílico, e não paramos de repetir elogios (frequentemente infundados ou imerecidos): -"És o maior, meu!" ou ainda "És a rapariga mais simpática da Faculdade!".
A turba desloca-se para junto do palco, perspectivam-se cotoveladas, empurrões, apalpadelas. No fundo, tudo aquilo que se espera num concerto de Rock n' Roll.
01h - 03h
Findo o show, está na altura de se atestar a máquina com uma míriade de líquidos azuis, rosa, a borbulhar ou em chamas. Cruzamo-nos com amigos, colegas, conhecidos, ex-namoradas e raparigas por quem se tem um "fraquinho". A música é variada mas tem um denominador comum: destroi-nos lentamente as células do aparelho auditivo.
O ambiente é de festa e não se pensa no futuro. A Queima é um hino ao carpe diem. As luzes bailam nos nossos olhos e a voz na nossa cabeça grita em plenos pulmões: "Toma cuidado, não queiras passar vergonhas."
03h - 03h15
Pausa para comer pão com chouriço.
03h15 - 06h30
A noite decorre em velocidade de cruzeiro até ao amanhecer. As horas passam a voar e os primeiros sinais de cansaço começam a despontar.
06h30 - 07h
Fecham-se as barracas e forma-se a "marcha dos mortos-vivos". Suspiramos e dizemos entre dentes: - "Nunca mais toco em álcool", "Quero ir para casa!" ou simplesmente "Mãezinha...".
Ao sair do recinto não olhamos para trás nem por 1 segundo, pois no íntimo sabemos que apesar da dor física e da náusea, amanhã regressaremos. E o ciclo repete-se, outra e outra vez.
JP
5 comentários:
Não consigo imaginar o DP beber...que coisa estranha!
Oh...doce e inocente Rapariga logo o David! :)
A sério não me digam isso " e logo o David" porque quando a frase proferida é " e logo o..." é porque o caso é mesmo grave.
Eu tenho uma impressão do David assim ... Como é que eu vou dizer isto sem que ele leve a mal, portanto... Para mim o David é assim uma especie de monge...de santinho...arrumadinho ... e outras coisas acabadas em "inho", no meu imaginário o David não bebe, o David não fuma, o David não é engatatão, também não penso que é choninhas, não...Mas pronto é assim um rapaz pacato, vá...
Mas o que é que se passa aqui, a falar da minha vida!
Sandra sim eu sou isso tudo, não te acredites em nada daquilo que possas ler aqui.
DP
Pronto, não vou acreditar pequerrucho, vou continuar a pensar que és um anjinho:) Eles não passam de alcoviteiros e invejosos , não é?, cá beijinho bebé ...
Enviar um comentário