Chamar a um filme – ou a um disco ou a um livro ou a coisa que o valha – “simpático” é passar-lhe um atestado de insignificância. Tal como chamar-lhe “competente” ou “bem feito”. “Simpático” não é nada. E é tanto pior porque parece um elogio mas não passa de um insulto velado, sem a atenuante do tom irónico com que boa parte desse maravilhoso e utilíssimo subgénero do insulto é habitualmente verbalizada. Adjectiva-se honestamente um filme de “simpático” porque não se tem nada de substancialmente positivo ou negativo para dizer dele. O filme “simpático” é, portanto, o filme que não nos fere – no bom sentido – de forma alguma; limitamo-nos a sentar-nos (ou a ficar de pé, ou deitado, conforme a inclinação posicional de cada um), consumi-lo pensando ocasionalmente num “ai que bonitinho e bem feitinho” e noutras coisas acabadas em inho, e depois esquecê-lo imediatamente e para sempre.
Este senhor, faz tudo menos filmes acabados em inho. Vamos ver como lhe vão correr os Oscares.
David Pinheiro
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