21/10/2011

Sobre a arte de viajar.

“(…) Um dia, numa espécie de devaneio, vi-me chegado à porta do céu, após esta vida, e S. Pedro a interrogar-me. Com modo afável perguntou-me: «E que te pareceu o Japão?»

-«O Japão? Eu vivi na Inglaterra!»

-«Mas o que fizeste de todo o tempo de que dispunhas, nesse mundo de maravilha, com todos os seus cenários de beleza e locais interessantes, ali postos para vossa edificação? Desperdiçaste o tempo que Deus te deu para aproveitar?» E por isso não tardei a ir ao Japão.

Sim, o que incomoda muita gente no fim da vida é que só então vêem as coisas na sua verdadeira perspectiva, e reconhecem demasiado tarde que malbarataram o tempo, que o gastaram em coisas que nada valiam.

(…)

Quando saí da escola, achei-me, por assim dizer, num quarto escuro, e a educação que recebera era como que um fósforo aceso que me fazia ver como o quarto era escuro, mas também que havia uma vela que podia acender-se com o fósforo e servir-me para doravante me iluminar o quarto.

Mas era apenas um quarto neste mundo de muitos quartos. Comvém examinar os outros quartos, ou seja, os modos de vida das localidades vizinhas ou doutros países, e ver como as gentes ali vivem.

Poderás descobrir que, embora o teu quarto te pareça escuro e lúgubre, há meios de nele admitir mais Sol e de melhorar a perspectiva, se quiseres recorrer a eles. (…)“



Retirado de “A caminho do triunfo”

de Baden-Powell, fundador do escutismo


David Pinheiro

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