21/11/2010

Il Gattopardo


O Livro


G. Tomasi di Lampedusa apenas escreveu um romance em toda a sua vida. Esse romance relata-nos o período conturbado do Ressurgimento italiano (a unificação da Itália), centrando-se numa família da aristocracia siciliana que vê o seu estatuto ameaçado pela revolução de Garibaldi ."Il Gattopardo" que dá nome ao livro é o cognome de Don Fabrizio, Príncipe de Salina, o patriarca da ilustre família. Este velho "sangue azul" é uma das melhores personagens da história da literatura. Capaz tanto de demonstrar a maior das sensibilidades, como de ser tão obstinado como um verdadeiro siciliano, o Leopardo não deixa ninguém indiferente. De gostos simultaneamente intelectuais - a astronomia; e rústicos - a caça; Don Fabrizzio é um homem ecléctico. Intenso, tanto nas suas suas virtudes como nos seus defeitos e deliciosamente anacrónico - como um daguerrótipo ou uma relíquia poeirenta que ainda conserva o brilho da sua glória passada. Para além da intensidade do seu carácter, a firmeza da sua identidade também mexe com o leitor. Face às transformações da sociedade, o Príncipe mantém-se fiel ao legado da sua família, chegando a recusar um lugar de destaque no Governo da nova Itália para não trair a sua anterior afiliação com a casa de Bourbon e com o Reino das Duas Sicílias. Neste livro singular, Lampedusa aborda temas como fim do antigo sistema de classes, a democracia , a tradição e erosão moral. Ao longo do texto somos ainda confrontados com o choque entre a nobreza em decadência e a burguesia em ascensão, entre a nostalgia de Don Fabrizzio e o fulgor do seu sobrinho revolucionário, Don Tancredi. Para além destes, Lampedusa criou um rol de personagens inesquecíveis, das quais destaco Angélica: uma deusa de olhos verdes que suscita a mais arrebatadora das paixões no coração de Tancredi e no de seu tio, Don Fabrizio.

Lampedusa apenas escreveu um romance em toda a sua vida. Foi o suficiente.

O Filme

Em 1963, Luchino Visconti apresentou ao mundo a sua adaptação ao cinema de "Il Gattopardo". O carismático Don Fabrizio foi interpretado por um não menos carismático Burt Lancastar. O filme teve ainda a participação de Alain Delon, no papel de Don Tancredi, e da belíssima Claudia Cardinale no papel de Angelica. O filme faz justiça ao livro. Para a história fica a cena do baile, um expoente hipnótico de elegância.

Visconti realizou vinte filmes em toda a sua vida. Foram os suficientes.




JP

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